Mensagem de boas vindas

Bem Vindo ao blog Campo da Forca. Apontamentos pessoais também abertos a quem os quiser ver.

31/01/12

A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE: Cap.6 - A mulher na Idade Antiga



6- A mulher na Idade Antiga
No Egipto Antigo a mulher possuía um status privilegiado dado pela igualdade entre os sexos como um facto natural, sendo comum atribuir similar importância a filiação paterna e a materna. A maioridade feminina, quando atingida, possibilitava a escolha do marido mediante consentimento paterno e quando casadas as mulheres podiam intervir na gestão do património familiar. Em relação ao trabalho, a tecelagem constituía uma ocupação reservada ao sexo feminino, competindo-lhe tosquiar as ovelhas e tecer a lã, podendo também trabalhar na ceifa de trigo, no preparo da farinha e da massa do pão. Enquanto que as mulheres mais pobres trabalharam em grandes obras de construção pública.
Na Grécia Antiga a sociedade era equiparada a um clube dos homens, pois estes não permitiam o acesso da mulher ao saber, desvalorizando tudo que lhes dizia respeito, inclusive a beleza. Nem a maternidade escapava da desvalorização sistemática, sendo as mulheres vistas apenas como receptoras da semente masculina. A inferioridade da mulher pode ser atestada pela obra “Política” de Aristóteles, que a justificava em virtude da não plenitude na mulher da parte racional da alma. A cidade de Esparta era aquela que proporcionava às mulheres a maior autonomia entre todas as cidades estado estabelecidas, pois a necessidade de contar com o apoio das mulheres para defender a polis fazia com que os homens espartanos lhes dessem treino militar e permitissem maior liberdade para participar das actividades do quotidiano da cidade.
Na Roma Antiga, como herdeira de parte da tradição grega, a inferioridade social da mulher marcava a condição feminina. A estrutura familiar assenta na base do paternalismo. Nas leis e nos costumes, a mulher era uma perpétua menor que passava da tutela do pai à do marido. Refira-se contudo que depois do período das conquistas, aumentou o grau de liberdade e as mulheres passaram a poder permanecer nas ruas e praças, frequentar escolas, dançar, cantar e fazer poesia, trabalhar no comércio, artesanato e em actividades como medicina.

30/01/12

A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE: Cap.5 - A mulher artista na Pré-História


5- A mulher artista na Pré-História
Não há registos de quem eram os artistas na era pré-histórica. Por exemplo, as provas de que a arte rupestre é uma exclusividade dos homens são bastante controversas e insatisfatórias.
E os estudos de muitos arqueólogos, etnólogos e antropólogos indicam que as mulheres muitas vezes foram as principais artesãs nas Culturas consideradas como neolíticas, criando os seus vasos, têxteis, cestos, jóias, etc. É vulgar a sua colaboração em grandes projectos.
Extrapolando para os objectos e capacidades do paleolítico segue-se o mesmo entendimento das Culturas conhecidas e estudadas através da etnologia e antropologia.
As pinturas rupestres aparecem das mãos das mulheres tal como dos homens

26/01/12

A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE: Cap.4 - A mulher na Pré-História


4- A mulher na Pré-História
A fase pré-histórica ocupa quase três quartos (¾) da existência humana na terra.
A figura feminina na Pré-História tinha um enorme peso nas sociedades. A mulher possui um lugar de destaque, porque a força física não é o principal elemento para a sobrevivência. Reina a harmonia e os dois elementos, fêmea e macho, desempenham papéis fundamentais para o grupo sem que se encontrem quaisquer resquícios de hierarquia, seja de nível económico ou fisiológico.
Os vestígios paleolíticos revelam que o feminino ocupava um lugar primordial, pois deste período foram encontradas estatuetas femininas, pinturas e objectos, que cultuavam a mulher como um ser sagrado. Assim, pela sua inexplicável habilidade de procriar, as mulheres eram elevadas à categoria de divindades.
Não eram sociedades matriarcais, eram sim matricêntricas, pois a mulher não dominava, mas as sociedades eram centradas nela por causa da sua fertilidade.
A divisão do trabalho nas sociedades primitivas ocorreu entre os dois sexos, cabendo ao homem a caça e a pesca, e à mulher a colecta de frutos, evoluindo posteriormente para a cultura da terra. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios.
Acredita-se que a estratificação social e sexual tenha surgido posteriormente, quando o homem, devido a escassez de alimentos e após o domínio do fogo, começa a viver de forma sedentária, cultivando os seus alimentos e saindo à caça de grandes animais, factores que exigiam maior vigor físico. A caça sistemática a grandes animais e as disputas entre os grupos em busca de novos territórios farão surgir a supremacia masculina e o espírito de competitividade. Agora, para sobreviver, as sociedades têm que competir entre si em busca de um alimento que se torna cada vez mais escasso. As guerras começam a fazer parte da vida desses grupos. As diferenças sociais começam a tomar força, não só em relação a homem e mulher, mas também entre os homens, pois os mais fortes seriam os melhores guerreiros.
Foi a partir da descoberta de sua importância na reprodução que o homem passou a ter domínio da sexualidade feminina. É ai que surge o casamento como conhecemos hoje, em que “a mulher é propriedade do homem”. As sociedades, então, tornam-se patriarcais, isto é, os portadores dos valores, e da sua transmissão, são os homens. Agora, já não são os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, „a lei do mais forte.. As mulheres têm a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento obriga a mulher a sair virgem das mãos dos pais para as mãos do marido. Qualquer ruptura dessa norma pode significar a morte. A mulher fica reduzida ao âmbito doméstico, perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, e fica inteiramente reservada ao homem.

25/01/12

A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE: Cap.3 - A exclusão de mulheres artistas da história da arte


3- A exclusão de mulheres artistas da história da arte
A quase que total exclusão das mulheres artistas da história da arte é uma questão cultural.
Essencialmente deve-se a que a cultura dominante na História tem sido a dos homens. Foram os homens que a escreveram, não as mulheres. A História é a história dos homens. A História escrita pelas mulheres teria sido forçosamente diferente.
Acresce que a historiografia é o sector do estudo em que mais dificilmente os pesquisadores mantêm neutralidade científica.
O homem foi o agente definidor do estatuto e do imaginário acerca da mulher, silenciando a sua participação activa na construção dessa visualidade, por exemplo como produtora de obras de arte.
Dentro desta esfera mais restrita, no entanto, muitas mulheres construíram carreiras de sucesso, muitas vezes igualando ou superando os homens.
Também o facto de as artes consideradas maiores requererem trabalho manual mais duro, levou a que estivessem tradicionalmente reservadas, salvo poucas excepções, aos homens. A escultura por exemplo só na segunda metade do séc. XIX, na Europa, e no séc. XX na América, é que foi legitimada como trabalho igualmente feminino.
Outro aspecto a ter em conta é que a carreira de muitas artistas foi muito prejudicada pela elevada maternidade das mulheres nos tempos anteriores ao nosso.
Por outro lado, mentalidades retrógradas que consideravam a ocupação artística imprópria para as mulheres ainda se faziam sentir mesmo no final do séc. XIX, onde não raras famílias se opunham à vocação das suas jovens, impedindo-as de fazer carreira nas artes.

23/01/12

Tese de dissertação "A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE": Cap.2 - A mulher como artista


2– A mulher como artista
Sempre houve um preconceito do homem face à mulher artista. O próprio Vasari, pai da história da arte, que no seu livro “Vida dos Excelentes Pintores, Escultores e Arquitectos” nomeou algumas mulheres, por vezes referiu-se a elas de forma pejorativa, acompanhando a ideia renascentista de que as mulheres eram vencidas e manietadas pelo sentimento da melancolia e nenhuma conseguia escapar à sua natureza feminina.
Só no séc. XX e pela primeira vez na história, as mulheres foram consideradas artisticamente iguais aos homens, que, apesar de tudo, continuaram a gozar de maior renome.
Assim, nos dias de hoje é natural abordar a obra e conhecer a biografia de muitas mulheres artistas, mas, quanto mais nos afastamos em direcção ao passado, mais difícil se torna encontrar a sua presença.
Na História da Arte poucas foram as artistas femininas citadas entre as listas intermináveis de nomes masculinos e mesmo estas, quando lembradas, acabam colocadas em posições coadjuvantes desses homens.

22/01/12

A MULHER ARTISTA NA HISTÓRIA DA ARTE -Tese de Dissertação de Pós-Graduação de Constantino Teles, 01-06-2010: Capítulo 1 - A Arte -


1- A arte
A palavra arte tem a sua origem na palavra latina ars que significa actividade, habilidade.
Até ao século XV, designa apenas um conjunto de actividades ligadas à técnica, ao ofício, à perícia, isto é actividades essencialmente manuais, onde se incluíam não só a pintura, a escultura e a arquitectura, mas também, as ditas artes menores.
Com o renascimento os artistas reivindicam para si um saber científico. Assim a história dos artistas, que tem início no Renascimento, está essencialmente associado ao reconhecimento da sua obra como possível de ser classificada na categoria das “artes liberais” em vez de “artes servis ou mecânicas”.
Mas afinal o que é arte?
A questão é polémica e de respostas pouco satisfatórias.
A obra de arte é um objecto estético, feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrínseco.
E o que se entende por estético?
A estética costuma ser definida como “dizendo respeito ao que é belo”.
É claro que nem toda a arte é bela aos nossos olhos, não deixando, por isso, de ser arte. Então o termo estético não satisfaz inteiramente.
A Estética como ramo da filosofia tem preocupado os pensadores desde Platão aos nossos dias e como todas as questões filosóficas, os problemas levantados pelo “belo” são inerentemente insolúveis.
O nosso gosto e as nossas opções são exclusivamente condicionados pela cultura em que estamos inseridos e as culturas são tão diversificadas que se torna impossível reduzir a arte a um conjunto de regras susceptíveis de serem aplicadas em toda a parte.
Parece assim impossível definir qualidades absolutas em arte, não podendo nós escapar à necessidade de apreciar as obras de arte no contexto do seu tempo e circunstancialidade, sejam eles quais forem.
Podemos contudo dizer que uma obra de arte terá de envolver Imaginação, Criatividade e Originalidade. O que está apenas ao alcance dos que passam da fase de simples perícia artesanal e se tornam criadores de arte por direito próprio, isto é, os verdadeiramente dotados – os artistas.
Actualmente distinguem-se 11 formas de arte: Música, Dança, Pintura, Escultura, Teatro, Literatura, Cinema, Fotografia, Banda Desenhada, Vídeo Jogos e Arte Digital. Vamos aqui apenas tratar das mais tradicionais e dentro destas da Pintura.

A Oração de Gettysburg - Presidente Lincoln

Há oitenta e sete anos, neste continente, os nossos antepassados doaram ao Mundo uma nova nação concebida na liberdade e baseada no princípio de que todos os homens foram criados iguais. Estamos hoje envolvidos numa tremenda guerra civil que provará se esta nação, ou qualquer outra formada e dirigida do mesmo modo, pode resistir a tais crises. Encontramo-nos, neste momento, num dos grandes campos de batalha desta luta e queremos consagrar uma parte dele à última morada dos que aqui sacrificaram a própria vida pela existência do país.
É justo que o façamos porém, num sentido mais profundo, não nos compete abençoar ou consagrar este solo. Os heróis, vivos ou mortos, que nele pelejaram já o santificaram a tal ponto, que as nossas fracas forças nada lhe podem acrescentar nem tirar. Mais tarde, o Mundo esquecerá o que hoje aqui foi dito: todavia jamais poderá olvidar os feitos de que este campo foi teatro. Cabe-nos a nós, os vivos, dedicarmo-nos à continuação da obra que os combatentes aqui iniciaram. Compete-nos realizar a sublime tarefa que esses grandes mortos nos legaram e, com crescente espírito de sacrifício, levar à vitória a causa que aqui os fez exalar o derradeiro alento. Cumpre-nos fazer que esses homens não tenham tombado em vão, que, com o auxílio de Deus, a Nação assista à renascença da liberdade e que o governo do povo pelo povo não desapareça da face da terra.