Mensagem de boas vindas

Bem Vindo ao blog Campo da Forca. Apontamentos pessoais também abertos a quem os quiser ver.

14/03/20

9 ROMÂNICO Pintura


9
ROMÂNICO
Pintura

 Embora a pintura tenha tido uma grande importância no período românico, não chegaram aos nossos dias tantas obras como no caso da escultura, fruto da ação humana, do tempo e de alguns incidentes.
A pintura românica apresenta-se sobretudo em duas modalidades: o fresco, na decoração de espaços arquitetónicos interiores, principalmente igrejas; a iluminura, na ilustração de livros.
Em ambas, a temática dominante é a religiosa.
Apesar das variantes estéticas e formais, no essencial vamos encontrar na pintura caraterísticas idênticas às da escultura, sendo nela evidentes as influências bizantina, carolíngia e otoniana.
Embora pelos modos de fazer seja possível identificar algumas escolas ou oficinas regionais ou locais, raramente se conhecem os nomes dos autores dessas obras, tal como sucede com a escultura.
Aliás, sabe-se que muitas das obras eram de execução coletiva.
Muitos dos pintores e escultores eram artesãos e monges que se especializaram numa ou noutra área, devido a um jeito especial ou a uma dedicação persistente.
A aprendizagem não era formal, feita em escolas especializadas, mas adquiria-se na prática, sobretudo copiando.
No caso da iluminura, sabe-se que a aprendizagem era feita nas oficinas conventuais, entre os monges copistas.
No caso do fresco, era feita na prática da decoração das igrejas, quando os edifícios eram dados por concluídos.
No fresco, pouco ou nenhum espaço de liberdade era deixado aos pintores, já que tanto os temas como as composições eram definidas pelo patrono ou encomendador da obra.
Os pintores eram pouco mais do que executantes de um plano estabelecido.
Muita da pintura românica conta histórias do Velho e do Novo Testamento, destacando-se cenas apocalípticas, passagens da vida de Cristo e de santos.
As principais caraterísticas da pintura românica são:
 - Uma forte presença do desenho, destacando-se a linha como elemento estruturante;
 - Falta de rigor anatómico, sendo frequentes os corpos em posições algo desarticuladas;
 - Tendência para a estilização e geometrização; utilização quase exclusiva de cores planas;
 - Cenários inexistentes, abstratos ou simbólicos;
 - Composições ora algo desordenadas, ora assentes em esquemas repetitivos.
Comparativamente com os relevos, existe na pintura uma maior dinâmica e algum sentido de ritmo.
 Contuso, também a pintura assume um poder simbólico, sobrenatural e doutrinário.
 A nudez e a sobriedade que hoje existe em muitas igrejas românicas era uma caraterística apenas das igrejas cistercienses.
Nas restantes predominava uma extensa policromia que revestia paredes, abóbadas, pilastras e relevos, numa ambiência de encantamento e transcendência
Menos frequentes mas igualmente significativos foram os retábulos pintados sobre madeira, usados principalmente na decoração de altares.
Esses retábulos foram comuns na Catalunha.
Também chegaram aos nossos dias alguns tetos de madeira pintados com cenas ou figuras religiosas.
Na Itália, devido à tradição romana e bizantina, continua a ser frequente a decoração das igrejas com riquíssimos painéis de mosaicos, que tanto podem cobrir abóbadas como paredes, o chão ou arcadas.
No início da Idade Média enraizou-se o hábito de copiar manuscritos, nos scriptoriae das catedrais e dos mosteiros.
Tal hábito deu origem a uma tradição que se manteve até ao advento da imprensa.
Copiavam-se bíblias, manuais litúrgicos, crónicas históricas, tratados filosóficos, etc.
Tais livros eram produtos raros e preciosos, destinados a consumo interno ou a uma reduzida clientela de eruditos que os valorizavam.
E mais preciosos se tornavam se ricamente ilustrados com imagens fantasiosas e cheias de cor: as iluminuras.
Oscilando entre a figuração e os ornamentos estilizados e geométricos, essas ilustrações tanto podiam ocupar uma página inteira, como partilhá-la com a escrita, ou reduzirem-se à decoração das iniciais de cada capítulo ou parágrafo.
Se bem que algumas iluminuras apresentem desenhos e composições algo primárias, outras revelam uma enorme destreza técnica e uma grande criatividade, levando a supor que provavelmente haveria monges que se dedicavam em exclusividade a essa tarefa.
Executadas em ambiente pacato e intimista, em geral as iluminuras apresentam um imaginário e uma diversidade estética superiores às que se encontram nos frescos e nos relevos, sendo provável que os seus motivos tivessem servido de referência a estas técnicas.
Consoante as regiões, as iluminuras revelam influências específicas: na Alemanha, do período carolíngio; nas Ilhas Britânicas, dos anglo-saxões e irlandeses; na Itália, da estética bizantina; em Espanha, da arte muçulmana

Sem comentários:

Enviar um comentário