A REFORMA
O século XVI foi marcado, no plano religioso, por uma cisão muito grave no seio do Cristianismo: a Reforma.
Esta separação implicou para uma parte da Europa o afastamento da obediência ao papa e aos dogmas da Igreja de Roma.
Os antecedentes da Reforma estão na natural perturbação nas consciências católicas provocada com a deslocação do papado para Avinhão a que se seguiu o Grande Cisma do Ocidente, no mal estar económico e social proveniente da Guerra dos Cem Anos e da peste negra que a todos afectou e nos muitos abusos e maus exemplos dos quadros directivos da Igreja.
Os papas viviam como autênticos príncipes laicos, preocupando-se mais com a diplomacia italiana e a guerra constante, onde muitas vezes intervinham, do que com os problemas espirituais da Cristandade.
No período renascentista, Alexandre VI, Júlio II e Leão X, apaixonados pela arte, protegiam os artistas e sustentavam cortes faustosas, luxos que mantidos com os numerosos impostos eclesiásticos que eram cada vez mais mal recebidos.
Os mais altos cargos da Igreja, que implicavam importância política e rendimentos consideráveis, nem sempre eram convenientemente preenchido. Disputavam-nos os reis, os príncipes e os grandes senhores que neles queriam colocar familiares e amigos. Era também vulgar os bispos e os abades acumularem várias dioceses ou abadias sem nelas residir. A simonia (venda de bens espirituais) era igualmente habitual. O baixo clero, mal dirigido e abandonado, era ignorante e rude.
Os humanistas, cujo movimento estava em grande crescimento e que no século XVI se estendia a toda a Europa, reagiam contra a teologia ensinada nas universidades. O humanismo cristão sonhava com uma religião purificada e simples, liberta de rituais. só a Bíblia e sobretudo os Evangelhos deveriam de servir de base à meditação pessoal que conduziria a uma fé mais viva e confiante.
A perspectiva dos humanistas encontrava eco em grande número de consciências. A necessidade de uma vasta reforma era de todos sentida e desejada.
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