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ARTE PRÉ-ROMÂNICA
Nos séculos imediatamente após a queda do
Império Romano não existe na Europa um estilo dominante a nível internacional,
mas tendências com variantes e especificidades de cada povo.
As tendências e mesclas da arte
produzida por esses povos antecederam e influenciaram o estilo Românico, pelo
que se pode designar esse período por Pré-românico.
Enquanto povos nómadas, a sua
arte manifestou-se sobretudo em objetos facilmente transportáveis: peças de
ourivesaria, decoração de armas, proteções de guerra, pequenos oratórios,
imagens de santos, livros, etc.
Neste vasto período, os mosteiros
tiveram uma importância fundamental na conservação e produção de conhecimento.
A Arte
Hiberno-Saxónica
Designa-se por Arte
Hiberno-saxónica a que se produziu nos sécs. VII e VIII na Ilhas Britânicas.
Trata-se de uma arte ao serviço da religião
cristã mas com influências celtas.
Dessa arte destacam-se as
ilustrações de livros, ou iluminuras, trabalhos em metal e gravações em pedra,
onde são feitas elaboradas e delicadas composições à base de formas
geométricas, linhas e entrançados.
A Arte Anglo-saxónica
Designa-se por Arte
Anglo-saxónica a que se produziu entre finais do séc. IX e finais do séc. XI.
Contudo, há quem recue alguns
séculos, fazendo desta uma expressão mais abrangente, ao ponto de nela incluir
a Arte Hiberno-saxónica.
Expressa-se essencialmente
através de ilustrações de livros, objetos decorativos de ouro e de marfim e tapeçaria.
Arte Merovíngia
A dinastia merovíngia tem a sua
origem nos francos sálios, povo que se estabeleceu na atual Bélgica e norte de
França e posteriormente se expandiu para sul.
Perdurou de 481 a 754, nos
territórios que correspondem hoje a uma grande parte da França, Países Baixos,
Suíça e oeste da Alemanha.
A Arte Merovíngia revela-se
sobretudo em adornos, ourivesaria, pequenos objetos utilitários e arquitetura.
Da arquitetura destacam-se
pequenos batistérios ou o que deles resta, onde é utilizado o arco de volta
perfeita.
Os capitéis das colunas são
ricamente decorados.
Arte Carolíngia
O território do Império
Carolíngio correspondente sensivelmente ao dos atuais Países Baixos, Alemanha,
França, Suíca, Áustria, República Checa, e centro e norte de Itália.
Perdurou entre 768 e 843, e teve
Carlos Magno, Luís I e Lotario I como monarcas.
A sua dissolução levou à criação
do reino da França e do Sacro Império Romano-germânico.
A Arte Carolíngia faz como que
uma mescla das tendências artísticas dos povos do Império Carolíngio com a
absorção de elementos clássicos romanos.
Ilustrações e capas de livros,
pequenos altares e peças de ourivesaria são bons exemplos da arte móvel
carolíngia.
Na arquitetura há preferência
pela planta centralizada, pela aplicação do arco de volta perfeita e por
ambientes de pouca luz.
Os poucos exemplares foram em
grande parte absorvidos ou modificados por edifícios dos períodos românico e
gótico.
O mosaico seria uma técnica
aplicada na decoração de alguns interiores.
Arte Otoniana
O território do Império Otoniano
correspondente sensivelmente ao dos atuais Países Baixos, Alemanha, leste de
França, Suíca, Áustria, República Checa e norte de Itália.
O Império Otoniano, que perdurou
entre 919 e 1024, teve os seguintes reis: Henrique I, Otão I, Otão II, Otão III
e Henrique II.
Estética e cronologicamente, a
Arte Otoniana situa-se entre a Arte Carolíngia e a Românica, com influências da
Arte Bizantina.
Das obras de arte móvel
salientam-se as ilustrações de livros, cruzes votivas, pequenos altares, peças
litúrgicas, objetos decorativos e ourivesaria.
Tal como na arquitetura
carolíngia, também na otoniana há preferência pela planta centralizada, o arco
de volta perfeita e ambientes de pouca luz.
Arte Visigótica
A origem dos godos está envolta
em controvérsia. Originalmente seriam um povo germânico instalado na zona das
Balcãs, um dos primeiros a invadir o Império Romano.
No seu avanço pelo sul da Europa,
os godos dividiram-se em dois ramos: ostrogodos na Península Itálica; visigodos
no sul de França e Península Ibérica.
Na sua maior extensão, o Reino
dos Visigodos teve capital em Toulouse, mas após perderam grande parte do
território além-Pirinéus, tornou-se Toledo a sua capital.
A Arte Visigótica perdurou entre
a chegada dos visigodos a esta região, do início do séc. V, e a ocupação
muçulmana da Península, em 711.
As ilustrações de livros
apresentam composições pouco arrojadas e com poucas cores; figuração humana é
simplificada, com representação essencialmente frontal.
A ourivesaria revela uma técnica
bastante apurada, atingindo algumas peças elevados níveis de requinte, tanto em
peças de caráter utilitário como votivo.
As igrejas têm pequenas dimensões
mas aspeto robusto, com poucas e pequenas aberturas, o que proporciona
interiores pouco iluminados.
As plantas variam entre o formato
retangular e o cruciforme.
É utilizado o arco em ferradura.
A decoração centra-se nos
capitéis e em frisos ricamente esculpidos com baixos-relevos, com motivos
geométricos e figurativos simplificados.
Pré-românico
Asturiano
Numa faixa de território no norte
da Península Ibérica, protegida pelos Montes Cantábricos, que corresponde
sensivelmente aos atuais territórios das Astúrias e da Cantábria, existiu o
Reino das Astúrias.
Formou-se após a capitulação do
Reino Visigodo e foi o único território da Península nunca ocupada pelos
muçulmanos.
Na arquitetura, o sub-estilo
Pré-românico Asturiano é o que mais se aproxima do estilo Românico, parecendo
anunciar esse importante período artístico.
Desenvolveu-se entre finais do
séc. VIII a começos do séc. X, a partir de influências lombardas e carolíngias,
com alguma influência visigótica.
De entre as igrejas asturianas,
por norma austeras e pouco iluminadas, destacam-se algumas com uma elegância
surpreendente, iluminadas por janelas maiores e tendendo para uma certa
verticalidade.
O arco mais utilizado é o de
volta perfeita, surgindo por vezes na variante de peraltado, sendo que o de
ferradura também aparece.
Quando existem, os relevos
concentram-se sobretudo em capitéis, colunas e arcadas.
Da ourivesaria destacam-se as
cruzes votivas que eram propriedade de reis, sendo uma delas o símbolo das
Astúrias.
Das iluminuras há que referir as
do “Comentário ao Apocalipse”, obra dum monge do séc. VIII, de que se conhecem
ilustrações feitas por beatos do séc. X..
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