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14/03/20

3 ARTE PRÉ-ROMÂNICA

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ARTE PRÉ-ROMÂNICA

 Nos séculos imediatamente após a queda do Império Romano não existe na Europa um estilo dominante a nível internacional, mas tendências com variantes e especificidades de cada povo.
As tendências e mesclas da arte produzida por esses povos antecederam e influenciaram o estilo Românico, pelo que se pode designar esse período por Pré-românico.
Enquanto povos nómadas, a sua arte manifestou-se sobretudo em objetos facilmente transportáveis: peças de ourivesaria, decoração de armas, proteções de guerra, pequenos oratórios, imagens de santos, livros, etc.
Neste vasto período, os mosteiros tiveram uma importância fundamental na conservação e produção de conhecimento.

A Arte Hiberno-Saxónica

Designa-se por Arte Hiberno-saxónica a que se produziu nos sécs. VII e VIII na Ilhas Britânicas.
 Trata-se de uma arte ao serviço da religião cristã mas com influências celtas.
Dessa arte destacam-se as ilustrações de livros, ou iluminuras, trabalhos em metal e gravações em pedra, onde são feitas elaboradas e delicadas composições à base de formas geométricas, linhas e entrançados.

A Arte Anglo-saxónica

Designa-se por Arte Anglo-saxónica a que se produziu entre finais do séc. IX e finais do séc. XI.
Contudo, há quem recue alguns séculos, fazendo desta uma expressão mais abrangente, ao ponto de nela incluir a Arte Hiberno-saxónica.
Expressa-se essencialmente através de ilustrações de livros, objetos decorativos de ouro e de marfim e tapeçaria.

Arte Merovíngia
A dinastia merovíngia tem a sua origem nos francos sálios, povo que se estabeleceu na atual Bélgica e norte de França e posteriormente se expandiu para sul.
Perdurou de 481 a 754, nos territórios que correspondem hoje a uma grande parte da França, Países Baixos, Suíça e oeste da Alemanha.
A Arte Merovíngia revela-se sobretudo em adornos, ourivesaria, pequenos objetos utilitários e arquitetura.
Da arquitetura destacam-se pequenos batistérios ou o que deles resta, onde é utilizado o arco de volta perfeita.
Os capitéis das colunas são ricamente decorados.

Arte Carolíngia
O território do Império Carolíngio correspondente sensivelmente ao dos atuais Países Baixos, Alemanha, França, Suíca, Áustria, República Checa, e centro e norte de Itália.
Perdurou entre 768 e 843, e teve Carlos Magno, Luís I e Lotario I como monarcas.
A sua dissolução levou à criação do reino da França e do Sacro Império Romano-germânico.
A Arte Carolíngia faz como que uma mescla das tendências artísticas dos povos do Império Carolíngio com a absorção de elementos clássicos romanos.
Ilustrações e capas de livros, pequenos altares e peças de ourivesaria são bons exemplos da arte móvel carolíngia.
Na arquitetura há preferência pela planta centralizada, pela aplicação do arco de volta perfeita e por ambientes de pouca luz.
Os poucos exemplares foram em grande parte absorvidos ou modificados por edifícios dos períodos românico e gótico.
O mosaico seria uma técnica aplicada na decoração de alguns interiores.

Arte Otoniana
O território do Império Otoniano correspondente sensivelmente ao dos atuais Países Baixos, Alemanha, leste de França, Suíca, Áustria, República Checa e norte de Itália.
O Império Otoniano, que perdurou entre 919 e 1024, teve os seguintes reis: Henrique I, Otão I, Otão II, Otão III e Henrique II.
Estética e cronologicamente, a Arte Otoniana situa-se entre a Arte Carolíngia e a Românica, com influências da Arte Bizantina.
Das obras de arte móvel salientam-se as ilustrações de livros, cruzes votivas, pequenos altares, peças litúrgicas, objetos decorativos e ourivesaria.
Tal como na arquitetura carolíngia, também na otoniana há preferência pela planta centralizada, o arco de volta perfeita e ambientes de pouca luz.

Arte Visigótica
A origem dos godos está envolta em controvérsia. Originalmente seriam um povo germânico instalado na zona das Balcãs, um dos primeiros a invadir o Império Romano.
No seu avanço pelo sul da Europa, os godos dividiram-se em dois ramos: ostrogodos na Península Itálica; visigodos no sul de França e Península Ibérica.
Na sua maior extensão, o Reino dos Visigodos teve capital em Toulouse, mas após perderam grande parte do território além-Pirinéus, tornou-se Toledo a sua capital.
A Arte Visigótica perdurou entre a chegada dos visigodos a esta região, do início do séc. V, e a ocupação muçulmana da Península, em 711.
As ilustrações de livros apresentam composições pouco arrojadas e com poucas cores; figuração humana é simplificada, com representação essencialmente frontal.
A ourivesaria revela uma técnica bastante apurada, atingindo algumas peças elevados níveis de requinte, tanto em peças de caráter utilitário como votivo.
As igrejas têm pequenas dimensões mas aspeto robusto, com poucas e pequenas aberturas, o que proporciona interiores pouco iluminados.
As plantas variam entre o formato retangular e o cruciforme.
É utilizado o arco em ferradura.
A decoração centra-se nos capitéis e em frisos ricamente esculpidos com baixos-relevos, com motivos geométricos e figurativos simplificados.

Pré-românico Asturiano
Numa faixa de território no norte da Península Ibérica, protegida pelos Montes Cantábricos, que corresponde sensivelmente aos atuais territórios das Astúrias e da Cantábria, existiu o Reino das Astúrias.
Formou-se após a capitulação do Reino Visigodo e foi o único território da Península nunca ocupada pelos muçulmanos.
Na arquitetura, o sub-estilo Pré-românico Asturiano é o que mais se aproxima do estilo Românico, parecendo anunciar esse importante período artístico.
Desenvolveu-se entre finais do séc. VIII a começos do séc. X, a partir de influências lombardas e carolíngias, com alguma influência visigótica.
De entre as igrejas asturianas, por norma austeras e pouco iluminadas, destacam-se algumas com uma elegância surpreendente, iluminadas por janelas maiores e tendendo para uma certa verticalidade.
O arco mais utilizado é o de volta perfeita, surgindo por vezes na variante de peraltado, sendo que o de ferradura também aparece.
Quando existem, os relevos concentram-se sobretudo em capitéis, colunas e arcadas.
Da ourivesaria destacam-se as cruzes votivas que eram propriedade de reis, sendo uma delas o símbolo das Astúrias.
Das iluminuras há que referir as do “Comentário ao Apocalipse”, obra dum monge do séc. VIII, de que se conhecem ilustrações feitas por beatos do séc. X.

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