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ARTE ROMÂNICA
Arquitetura
Arquitetura religiosa
Da arquitetura religiosa destacam-se os
mosteiros e as igrejas.
Muitos dos mosteiros são
estrategicamente construídos em locais de refúgio, algo isolados, na natureza,
na presença de água e de terrenos férteis.
Os mosteiros são estruturas
complexas, apetrechadas de espaços de trabalho, oração e descanso: igreja,
sacristia, claustro, sala do capítulo, dormitório, cozinha, refeitório, adega,
granja, celeiro, despensas, oficinas, estábulos, enfermaria.
Alguns mosteiros de França
serviram de modelo a muitos outros que foram construídos pela Europa,
nomeadamente os de Fleury-sur-Loire e Saint-German-des-Prés, e Cluny, entre
outros.
Por norma, as igrejas e as
catedrais românicas têm planta em cruz latina.
O corpo principal é composto por
três ou cinco naves, por vezes muito longas.
O transepto pode ter uma ou três
naves.
Estes espaços intersetam-se no
cruzeiro, sobre o qual está a torre-lanterna, ou zimbório.
Algumas igrejas de grandes dimensões têm dois
transeptos.
Para lá do transepto situa-se a
cabeceira, no centro da qual está a abside, onde se situa o altar-mor.
No prolongamento das naves
laterais pode haver deambulatório, ou charola, que contorna a abside.
É frequente haver absidíoles, ou
capelas, no transepto e no deambulatório.
As naves estão separadas por
robustas pilastras, que são pilares cruciformes compostos por diversos
colunelos adossados.
Os tetos das naves laterais são
abóbadas de berço, ou de canhão; os das naves laterais são abóbadas de arestas.
O arco utilizado é o de volta
perfeita, ou semicircular, e surge em diversos locais da igreja: entre
pilastras (arcos formeiros), suportando abóbadas (arcos torais), em pórticos,
portas, janelas, janelas cegas, seteiras, torres sineiras, tribunas,
clerestórios e trifórios.
As tribunas são espaços de
circulação sobre as naves laterais, dando para a nave central.
Sobre as naves laterais,
eventualmente sobre as tribunas, pode também haver clerestórios, que são conjuntos
de janelas; ou trifórios, que são estreitas galerias ou arcadas cegas dispostas
em conjuntos de três.
Os claustros, de formato
quadrado, são contornados por uma galeria de circulação que comunica com o
pátio através de arcadas, apoiadas em finos colunelos, que se apresentam aos
pares.
As igrejas românicas são pouco
iluminadas, entrando a luz por janelas altas, pela rosácea (que nem sempre
existe) e pela torre-lanterna, que ilumina a zona do altarmor através das
janelas que nela existem.
Exteriormente, em igrejas de
grandes dimensões, a fachada principal é muitas vezes composta por um pórtico
encimado por um ou mais janelões ou por uma rosácea, sendo ladeada por duas
robustas torres sineiras.
Existem outras tipologias de
fachadas, sobretudo em igrejas de médias e pequenas dimensões.
Em Itália é frequente haver apenas uma torre
sineira, que pode estar afastada do corpo da igreja e ter formato cilíndrico.
No exterior, os contrafortes têm
uma presença muito evidente, estando visivelmente destacados da parede.
Parecem pilares exteriores, mas
na realidade são o prolongamento dos pilares para o exterior.
A sua função é suportar a enorme
pressão exercida lateralmente pelas abóbadas.
Algumas igrejas românicas são
igrejas-fortaleza.
Trata-se de construções
especialmente robustas com o propósito de defender, encimadas por ameias e
merlões, como sucede nas torres e muralhas dos castelos; possuem também
seteiras, frestas utilizadas para o disparo de setas.
Nalguns casos existem três
pórticos na fachada principal, comunicando os três com a nave central ou cada
um com uma nave.
É também comum haver um ou dois
pórticos nas fachadas laterais, por vezes nos topos do transepto.
Os pórticos são rematados por um
conjunto de arquivoltas em torno do tímpano, e assentam lateralmente numa série
de colunelos.
É comum nos pórticos mais largos
haver uma coluna a meio, designada por mainel.
Arquitetura civil e
militar
A arquitetura civil e militar
românica tem um cariz marcadamente defensivo. ~
Parte das construções foi feita
em madeira e colmo, acabando muitas delas por desaparecer por ação de incêndios
e do tempo.
O que ficou foi a construção em
pedra. As casas dos nobres eram, muitas das vezes, torres de planta
quadrangular, nalguns casos circular, com três ou quatro pisos, com robustas
paredes exteriores de pedra.
Paredes interiores e chãos eram
de madeira.
O primeiro piso possuía loja ou
oficina, o segundo era composto por uma grande sala, no último estavam os
aposentos privados.
O acesso para o segundo piso era
feito por uma escada de madeira, que se retirava por razões de defesa.
Os castelos são as construções
fortificadas por excelência, por norma situados em pontos altos, protegidos
pela própria geografia dos terrenos.
Possuíam uma ou duas muralhas com
várias torres. No interior das muralhas existiam instalações militares ou
aposentos de nobres.
As muralhas são rematadas por
ameias e merlões, servindo para proteger quem está em ação de vigilância ou de
ataque.
A torre de menagem é a mais
central e de maiores dimensões.
Esses espaços protegidos deram
guarida aos cavaleiros das cruzadas. Foi também neles que se desenvolveram a
música e a literatura medievais, assim como a poesia trovadoresca.
As povoações medievais não
possuem uma malha urbana geométrica nem regular.
São protegidas por uma muralha,
que nuns casos se aproxima da forma retangular, noutros da circular.
A malha urbana é orgânica,
adaptando-se à presença de poços e irregularidades do terreno (colinas,
rochedos, etc.), assim como aos ventos dominantes e à incidência do Sol.
Das portas das muralhas partem as
ruas principais, de onde derivam as secundárias e um emaranhado de ruelas e
becos.
No centro da povoação situa-se a
igreja principal, ou a catedral.
Ao longo das vias de comunicação,
finalmente renovadas e criadas após a queda do Império Romano, são construídas
pontes para se encurtarem distâncias.
Essas pontes possuem arcos de
volta perfeita, assentes em robustos pilares.
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