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A ARTE GÓTICA
Escultura
No final do período românico, a escultura já se havia
afirmado em convivência com a arquitetura, por norma colocada em espaços a ela
reservada.
Contudo, no período
gótico, a escultura surge justaposta à arquitetura, ganhando outra
proeminência.
Neste período, a
escultura continua a cumprir o seu papel pedagógico, como Bíblia de pedra, com
a representação de santos e de cenas do Antigo e do Novo Testamento.
A escultura, antes
tosca e pejada de falhas anatómicas, ganha realismo formal e enriquece o seu
lado espiritual. Da anatomia às roupagens e objetos, tudo passa a ser tratado
ao pormenor, com mais sensibilidade e delicadeza.
As poses e os gestos ganham alguma dinâmica. As expressões
do rosto humanizam-se e frequentemente apresentam leves sorrisos e revelam
ternura.
As figuras, antes
tantas vezes de aspeto castigador, dão lugar a outras com papel evangelizador.
À medida que o tempo
passa, o realismo, o idealismo e até uma certa teatralidade, que advém das
peças de teatro religiosas, refletem uma mudança de pensamento que anuncia o
Renascimento.
A condizer com esse
espírito está o facto de se conhecer os nomes de alguns artistas, e de as suas
obras terem caraterísticas de tal modo próprias que se tornam reconhecíveis.
Algumas regras básicas
se podem observar nas representações escultóricas: anjos e apóstolos estão
sempre descalços, outras figuras não; a presença da auréola simboliza
santidade; uma torre com uma porta designa uma cidade, se sobre esta estiver um
anjo refere-se a Jerusalém.
Nas igrejas, a maior
incidência de escultura continua a ser nos pórticos.
Contudo, surge em vários outros locais: balaustradas,
nichos, gabletes, janelas, rosáceas, medalhões, mísulas, pináculos, flechas,
arcobotantes, gárgulas e quimeras.
Situadas sobretudo em
catedrais, representando animais grotescos ou fantásticos e de aspeto
assustador, as gárgulas e as quimeras são uma novidade do estilo gótico.
Pelas primeiras é expelida a água dos telhados; as segundas
servem para vigiar os demónios à distância, impedindo a sua aproximação.
Enquanto no exterior
a escultura vai ganhando cada vez mais destaque, a sua presença no interior é
discreta, resumindo-se a capiteis, púlpitos, consolas, medalhões e rosetas (os
dois últimos situados no cruzamento das nervuras das abóbadas).
Em França e em
Espanha a escultura tende para uma certa monumentalidade, sendo comum
espalhar-se por grande parte da fachada principal.
Na Alemanha é
particularmente expressiva, dramática e teatral. Na Inglaterra destacam-se os
efeitos decorativos geométricos trabalhados em intrincadas abóbadas.
Devido às influências
greco-romana e bizantina, na Itália preserva-se um espírito clássico na
escultura gótica. Esse mesmo espírito faz sobressair nomes sonantes, como
Nicola Pisano, Giovanni Pisano, Andrea Pisano e Jacopo della Quercia.
A partir do séc. XIV, a escultura de vulto redondo torna-se
mais abundante, sobretudo em imagens de devoção separadas dum contexto
arquitetónico.
Colocadas em igrejas,
capelas e casas particulares, serviam o culto individual e a oração privada.
Trata-se de imagens da Virgem, de santos, pietàs e
crucifixos de dimensões variadas, feitas em madeira, marfim, bronze ou pedra,
muitas vezes impregnadas de realismo e contagiante emoção.
Era comum o enterro
de nobres e eclesiásticos ser feito no interior das igrejas.
Mas a partir de 1200
tornou-se frequente fazer túmulos com estátua jacente, sobretudo quando se
tratava de reis, príncipes, nobres e elementos do clero.
De início, essas
estátuas evocam o falecido sem rigor nos traços físicos.
A partir de meados do
séc. XIII, esses traços tornam-se realistas e até idealizados. E a partir de
meados do séc. XIV muitas dessas estátuas passam a ser feitas em vida.
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