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14/03/20

A ARTE GÓTICA - Escultura


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A ARTE GÓTICA
Escultura

No final do período românico, a escultura já se havia afirmado em convivência com a arquitetura, por norma colocada em espaços a ela reservada.
 Contudo, no período gótico, a escultura surge justaposta à arquitetura, ganhando outra proeminência.
 Neste período, a escultura continua a cumprir o seu papel pedagógico, como Bíblia de pedra, com a representação de santos e de cenas do Antigo e do Novo Testamento.
 A escultura, antes tosca e pejada de falhas anatómicas, ganha realismo formal e enriquece o seu lado espiritual. Da anatomia às roupagens e objetos, tudo passa a ser tratado ao pormenor, com mais sensibilidade e delicadeza.
As poses e os gestos ganham alguma dinâmica. As expressões do rosto humanizam-se e frequentemente apresentam leves sorrisos e revelam ternura.
 As figuras, antes tantas vezes de aspeto castigador, dão lugar a outras com papel evangelizador.
 À medida que o tempo passa, o realismo, o idealismo e até uma certa teatralidade, que advém das peças de teatro religiosas, refletem uma mudança de pensamento que anuncia o Renascimento.
 A condizer com esse espírito está o facto de se conhecer os nomes de alguns artistas, e de as suas obras terem caraterísticas de tal modo próprias que se tornam reconhecíveis.
 Algumas regras básicas se podem observar nas representações escultóricas: anjos e apóstolos estão sempre descalços, outras figuras não; a presença da auréola simboliza santidade; uma torre com uma porta designa uma cidade, se sobre esta estiver um anjo refere-se a Jerusalém.
 Nas igrejas, a maior incidência de escultura continua a ser nos pórticos.
Contudo, surge em vários outros locais: balaustradas, nichos, gabletes, janelas, rosáceas, medalhões, mísulas, pináculos, flechas, arcobotantes, gárgulas e quimeras.
 Situadas sobretudo em catedrais, representando animais grotescos ou fantásticos e de aspeto assustador, as gárgulas e as quimeras são uma novidade do estilo gótico.
Pelas primeiras é expelida a água dos telhados; as segundas servem para vigiar os demónios à distância, impedindo a sua aproximação.
 Enquanto no exterior a escultura vai ganhando cada vez mais destaque, a sua presença no interior é discreta, resumindo-se a capiteis, púlpitos, consolas, medalhões e rosetas (os dois últimos situados no cruzamento das nervuras das abóbadas).
 Em França e em Espanha a escultura tende para uma certa monumentalidade, sendo comum espalhar-se por grande parte da fachada principal.
 Na Alemanha é particularmente expressiva, dramática e teatral. Na Inglaterra destacam-se os efeitos decorativos geométricos trabalhados em intrincadas abóbadas.
 Devido às influências greco-romana e bizantina, na Itália preserva-se um espírito clássico na escultura gótica. Esse mesmo espírito faz sobressair nomes sonantes, como Nicola Pisano, Giovanni Pisano, Andrea Pisano e Jacopo della Quercia.
A partir do séc. XIV, a escultura de vulto redondo torna-se mais abundante, sobretudo em imagens de devoção separadas dum contexto arquitetónico.
 Colocadas em igrejas, capelas e casas particulares, serviam o culto individual e a oração privada.
Trata-se de imagens da Virgem, de santos, pietàs e crucifixos de dimensões variadas, feitas em madeira, marfim, bronze ou pedra, muitas vezes impregnadas de realismo e contagiante emoção.
 Era comum o enterro de nobres e eclesiásticos ser feito no interior das igrejas.
 Mas a partir de 1200 tornou-se frequente fazer túmulos com estátua jacente, sobretudo quando se tratava de reis, príncipes, nobres e elementos do clero.
 De início, essas estátuas evocam o falecido sem rigor nos traços físicos.
 A partir de meados do séc. XIII, esses traços tornam-se realistas e até idealizados. E a partir de meados do séc. XIV muitas dessas estátuas passam a ser feitas em vida.

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