À volta do Sagrado
A morte é uma experiência que não se pode transmitir. É um mistério impenetrável.
Sagrado é o que causa medo ou terror e que, por isso, é objecto de adoração ou de culto. Um exemplo é a sarça ardente donde saiu a voz de Deus dizendo «Ego sum qui sum» (Eu sou o que sou); da experiência terrível que Moisés recebeu desta visão e desta voz nasceu a religião judaica.
Mistério é aquilo que os homens não conseguem explicar. Nada se pode explicar, a não ser fragmentariamente. O homem vive rodeado de mistério mas não desiste de o explicar.
A religião começa pelo sentimento do sagrado ligado a certos fenómenos da natureza que dão lugar a mitos (mito significa, à letra, história, ficção). Os mitos, que procuram objectivar o sentimento do sagrado, estão na origem das religiões.
A religião tem a sua raiz na afectividade e nos mitos das origens e dos fins. Mas, ao seu lado, ou na sua continuidade, a especulação intelectual tenta também penetrar este problema das origens e dos fins.
O método de raciocínio científico nasceu na Grécia. Metafísica, palavra inventada por Aristóteles, ocupa-se de problemas que não têm solução.
Para a cultura chinesa Deus e natureza são inseparáveis. A ideia de um Deus transcendente, autor da natureza, não é concebível. As religiões que se praticam no mundo chinês vieram de fora, como o hinduísmo e o budismo.
A religião está também na base da ética. As regras a que deve obedecer o comportamento humano são, em grande parte, comuns a várias religiões, como o hinduísmo, o bramanismo e as três religiões monoteístas (o judaísmo, o cristianismo e o islamismo).
As três religiões monoteístas supõem-se decretadas pelos deuses, isto é, por uma autoridade absoluta e indiscutível e não participante nos partidos que dividem os homens. Por isso as regras de conduta são universais e absolutas.