Mensagem de boas vindas

Bem Vindo ao blog Campo da Forca. Apontamentos pessoais também abertos a quem os quiser ver.

26/06/10

Jesus Cristo e a sua projecção histórica

Na vida humana
Basta relançar um rápido olhar sobre a falange dos mártires que rubricaram com o sangue a sua adesão incondicional a Jesus Cristo e atentar sobre o cortejo imenso dos confessores que testificaram com a heroicidade das suas virtudes o amor e a dedicação a Cristo patente na imitação das suas virtudes: Santos Agostinho, Patrício, Bento, Gregório Magno, Bonifácio, Pedro Damião, Anselmo, Bernardo, Francisco de Assis, Domingos, Tomás de Aquino, Boaventura, Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Teresa de Jesus, João da Cruz, Vicente de Pádua, João Bosco, etc. e Santas Catarina de Sena, Matilde, Gertrudes, Teresa d'Ávila, etc.

Na arte
A aparição de Cristo na arte não se fez de forma súbita e espectacular.
As paredes das catacumbas ou nos apresentam certos símbolos pagãos, como Orpheu, esse mito que recebe em Jesus a sua plena significação, ou no-lo apresentam sob a forma dilecta do Bom Pastor ou sob a forma do Cordeiro que se imola pela humanidade.
Jesus aparece também no emblema do peixe, figura que, também por alegoria, representava os cristãos, peixes nascidos na água do baptismo.
Por mais que o desejássemos, não há nenhum retrato autêntico de Jesus. assim a figura de Cristo irá reflectindo a imagem que os vários séculos e as várias espiritualidades d'Ele se vão formando.
Ao séc. XII remonta certa discrição dos traços fisionómicos de Cristo que se vai tornar estereotipada e aparecerá por exemplo na Vita Christi de Ludolfo da Saxónia e na nossa corte imperial.
Com o advento do triunfo social do Cristianismo, a figura de Cristo assumirá uma aspecto imperial. E temos os "Cristos majestade", sobretudo no "Pentocrator" (Omnipotente) bizântino, em que a figura do Senhor se senta num trono majestático, abençoando, por vezes, com a direita e sustentando na esquerda o livro dos sete selos do Apocalipse. Assim, a fonte inspiradora desse livro vai ao encontro da psicologia dos tempos imperiais, sobretudo de Bizâncio. Ele é o alfa e o ómega, o princípio e o fim.
Outras vezes, esta figuração confunde-se com a do Juíz do fim dos tempos, tendo ao lado os Evangelistas e Apóstolos ou os 24 anciãos do Apocalipse.
Outro mistério frequente na pintura bizântina é o da Anastase (Ressurreição). As cenas da Paixão, no Ocidente, mais influenciado pelo naturalismo grego, começam a apresentar-nos, no séc.V, um crucificado nu, mas cheio de nobreza, e sempre com algum atributo significativo da divindade do supliciado. Enquanto no Oriente há mais repugnância à nudez naturalista, a figura de Cristo começa por apresentar-se vestida, embora pregada na cruz.
Mas a pouco a pouco, vai-se formando o tipo tradicional de Jesus crucificado.
Quanto à querela das imagens (iconoclastia) as cenas do Natal e do presépio sofrem naturalmente a influência franciscana do séc. XIII. Antes, Jesus Menino, em Bizâncio, aparecia nos joelhos de Maria voltado para nós, à maneira de um pequenino Basileus, nos braços da imperatriz Basilissa.
Do mesmo modo, mas com a rigidez românica primitiva, no Ocidente, até que, gradualmente, o diálogo entre Mãe e Filho se torna maleável e familiar, até chegarmos, na Baixa Idade Média, à Senhora do Leite, amamentando seu filho divino.
As outras cenas da vida de Jesus, como a do Baptismo, da vida oculta, fuga para o Egipto, e muitas outras, vão-se multiplicando com insistência vária, segundo as várias épocas.
Assim, no período românico, os Crucifixos macerados de dor e e as visões do Apocalipse vão sendo inspiradas pelo sobressalto social das últimas invasões, particularmente dos Árabes. É ver os célebres pórticos românicos de Vezelay, Moissac e outros.
Depois a influência Bizântina a seguir às cruzadas, a estabilidade social das comunas e o desenvolvimento interno da arte levam a uma representação mais optimista e aparecem à porta das catedrais, os Cristos de Majestade, herdeiros do Pantocratos, como por exemplo, na sublime representação do Beau Dieu de Amiens.
Com o declínio da Idade Média acentuam-se as cenas de paixão, as de Jesus morto nos braços de Maria ou as da sua descida ao túmulo.
O Renascimento naturalista aproveita-se do tema, quantas vezes, com certo espírito de humorismo tranquilo, a resplandecer na anatomia exacta de um Cristo de Velazquez, que fica nos antípodas da Crucificação de Grunewald, para não falarmos do Crucifixo de Perpinhão.
E são frequentes no Barroco as cenas familiares de interior, tantas vezes idealizadas numa grandeza de ambiente que estiveram longe de possuir, como em Veronese e Rubens.
A última ceia não podia deixar de ser, já desde os primeiros tempos do Românico, tema predilecto dos artistas, mais insistente quando se tratou de contentar a heresia protestante.
E tanto nos fins da Idade Média, como pelo Classicismo adiante, muitas vezes se representará Jesus Homem, nos braços do pai, sob o adejar do Espírito Santo.
No Barroco, retomar-se-á o interesse por Jesus padecente e pelo sensacionalismo das cenas da Paixão vindas da Idade Média. Ao mesmo tempo os presépios, as bodas de Canã, o Golgata, as Ressurreições, etc. enchem-se de uma multidão de personagens que satisfazem a ênfase da época e, de algum modo, aumentavam a grandeza do mistério.
no Romantismo, há que confessar a decadência da Arte Religiosa, mesmo nas tentativas dos pró-rafaelistas de a conduzirem à simplicidade dos primitivos. Caiu-se numa representação de Jesus de sentimentalismo fácil, que vulgarmente se chamou "arte de S. Sulpício".
Mais modernamente, com Maurice Denis e o seu influxo, com a escola beneditina de Beurou e sobretudo com o dramatismo de Rouault, voltou-se a uma maior autenticidade na representação d'Aquele que será sempre o objecto supremo da arte, o mais incansavelmente buscado e o mais variadamente realizado, sem jamais se conseguir chegar ao ideal que ultrapasse todo o sentido.

O que é ser cristão?

Ser cristão é crer em Jesus Cristo, como Deus.
Cristão é todo o indivíduo que adere ao Cristianismo, uma religião monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos de Jesus de Nazaré, e que teria sido profetizada na Bíblia Hebraica/Antigo Testamento.
Além disso os cristãos também dão ênfase aos dogmas exortados por Jesus, quem eles acreditam ser o Filho de Deus, como o batismo, a Eucaristia e o estudo da Bíblia.

Jesus
O nome Jesus é a transcrição latina de Yéhôsûa, que significa "Javé é ajuda, salvação".
Jesus é a forma abreviada de Josué.
Várias personagens do Antigo Testamento usaram o nome de Jesus e nenhuma o desonrou.
Foi Deus que escolheu o nome de Jesus para seu filho. O anjo enviado pelo Pai a Maria (Anunciação) diz-lhe que seu filho se chamará Jesus. A mesma ordem foi dada a José, esposo da Virgem Maria, pelo anjo, após a Encarnação, explicando-lhe a razão de tal escolha é porque "Ele salvará o povo de seus pecados".
O nome de Jesus foi imposto ao recém-nascido, fruto da concepção virginal, na circuncisão e inscrito no madeiro da cruz do suplício (INRI).
Jesus é pois o nome oficial do verbo feito carne.
Já em vida de Jesus se lhe deu o nome de Cristo o "ungido de Deus" por excelência, i.e. o Messias prometido.
Os homens têm de preparar-se para enfrentar o juízo divino com o arrependimento e a conversão.

O mistério de Jesus
Para além do problema histórico, problema da existência, Jesus é também problema de essência.
Podia ser Deus e homem ao mesmo tempo?
Jesus é essencialmente um mistério.

Jesus Cristo
As informações existentes da vida de Jesus Cristo são muito incompletas.
Não sabemos quase nada dos primeiros 30 anos da sua vida.
Os dados sobre o seu ministério cobrem um lapso de tempo de mais ou menos 50 dias.
Nasceu em Belém, no ano 5aC.
A sua infância e juventude passaram-se em Nazaré, exercendo o ofício de carpinteiro.
Quando contava cerca de 30 anos fez-se baptizar por João Baptista e seguido de alguns discípulos deste último, deu início ao seu ministério público.
O seu modo de pregar e os seus numerosos milagres atraíram imensos seguidores. O seu ensino era recebido com júbilo e a sua fama estendeu-se pelas redondezas.
Os acontecimentos da última semana são os mais bem descritos. abrem-se com a entrada triunfal em Jerusalém: a multidão aclama-o como "filho de David", os seus inimigos ficam alarmados. Na 2ª feira entra no templo e expulsa os cambistas e vendilhões; na 3ª feira sustenta uma dura polémica doutrinal com os seus adversários; ao entardecer desse dia pronúncia o seu famoso discurso escatológico, anunciando a ruína de Jerusalém e o fim do mundo; na 5ª feira celebra a última ceia e institui a Nova Aliança; Feito prisioneiro é levado perante o Sinédrio, onde afirma ser o Filho de Deus vivo, razão pela qual é condenado à morte; na 6ª feira foi crucificado, fora das muralhas e sepultado por 2 discípulos anónimos, José de Animatreia e Nicodemos; na manhã do terceiro dia o seu sepulcro apareceu vazio, ao mesmo tempo correu a notícia que tinha aparecido a vários discípulos; apesar de certas discrepâncias, todos os relatos coincidem num ponto fulcral: Jesus foi visto por várias pessoas que comeram e beberam com ele; ao fim de 40 dias ascendeu aos Céus.

O que é ser católico?

Ser católico é praticar o "Credo":

Creio em um só Deus
Pai todo poderoso
Criador do Céu e da terra
De todas as coisas
Visíveis e invisíveis
Creio em um só senhor, Jesus Cristo
Filho unigénito de Deus
Nascido do Pai antes de todos os séculos
Deus de Deus, Luz de Luz
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro
Gerado e não criado
Consubstancial ao Pai
Por ele todas as coisas foram feitas
E por nós homens e para nossa salvação
Desceu dos Céus e encarnou pelo Espírito Santo
No seio da Virgem Maria
E se fez homem
Também por nós foi crucificado
Sob Pôncio Pilatos
Padeceu e foi sepultado
Ressuscitou pelo 3º dia conforme as escrituras
E subiu aos Céus
Onde está sentado à direita do Pai
De novo há-de vir em Sua Glória
Para julgar os vivos e os mortos
E o seu reino não terá fim
Creio no Espírito Santo
Senhor que dá a vida
Que procede do Pai e do Filho
E com o Pai e o Filho é adorado e glorificado
Ele falou pelos profetas
Creio na Igreja una, santa,católica e apostólica
Professo um só baptismo
Para a remissão dos pecados
creio na ressurreição dos mortos e na vida
Do mundo que há-de vir
Amén

25/06/10

Florbela Espanca

Madrugada de 8 de Dezembro de 1894.
Nasce Florbela Espanca.
Um percurso em que a doença, o desaparecimento de seu irmão, a luta constante devido a críticas e insinuações e sobretudo, a angústia, a sua forma insaciável de amar e as desilusões, terão provocado o suicídio no dia do 36º aniversário, também a 8 de Dezembro mas de 1930, pelas 2 horas da madrugada e fechada no seu quarto.
Foi a enterrar num dia de vendaval, tendo por companhia apenas o padre e alguns amigos.
Convosco durante alguns minutos, retalhos da obra poética de uma mulher que amou demais…


Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro, que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Amar

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… Além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

E se um dia há-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

Pausa

24/06/10

O Sonho

Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
Com a mesma alegria,
Ao que desconhecemos
E ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

Arrábida, Setúbal

22/06/10

É preciso avisar toda a gente

É preciso avisar toda a gente.
Dar notícia, informar, prevenir
Que por cada flor estrangulada
Há milhões de sementes a florir.

É preciso avisar toda a gente.
Segredar a palavra e a senha,
Engrossando a verdade corrente
Duma força que nada a detenha.

É preciso avisar toda a gente
Que há fogo no meio da floresta
E que os mortos apontam em frente
O caminho da esperança que resta.

É preciso avisar toda a gente
Transmitindo este morse de dores
É preciso, imperioso e urgente
Mais flores, mais flores, mais flores.

João Apolinário

Arte de Dizer

Dizer bem é, acima de tudo, compenetrarmo-nos das ideias e dos sentimentos alheios e transmiti-los aos outros como se fossem nossos.
É falar dando às frases e às palavras mais importantes do texto o seu justo valor, passar por umas ao de leve, acentuar outras, distribuir por todas elas os planos e os relevos, as luzes e as sombras. Numa palavra, dizer é modelar.
Quando falamos, as frases saem-nos de um jacto, mas quando as dizemos elas terão de ser contornadas, coloridas, modeladas, a ponto de se converterem em motivo de beleza artística.

Articulação
Articulação é a pronunciação clara e distinta das sílabas que constituem as palavras.
É indispensável articular as palavras, em termos que elas cheguem nitidamente aos ouvidos daqueles que nos escutem.
Convém, no entanto, acentuar que cada sílaba deverá ser articulada de forma diferente.
É sobre as sílabas finais que nos devemos apoiar com toda a nitidez porque elas são, por assim dizer, o ponto luminoso da palavra.
A articulação pode, pelo seu poder expressivo, encobrir as deficiências de uma voz fraca e até mesmo defeituosa.
Com boa articulação, ainda que com pouca voz, pode-se dizer primorosamente.
Com uma boa voz, mas sem uma boa articulação, não há dicção que preste.
Se não articularmos com toda a nitidez, ninguém nos prestará a atenção devida e tão pouco nos compreenderá.

Pontuação
Respeitar a pontuação, compreendê-la, interpretar e marcar com precisão todos os diferentes valores, são princípios essenciais sobre que assenta uma dicção correcta.
No entanto, é conveniente acentuar que, muitas vezes, os sinais da pontuação nem sempre orientam o leitor, porque além de serem em número muito limitado, não correspondem de uma forma absoluta, às intenções que o autor tenta imprimir às frases do texto, deixando, no entanto, ao critério do artista o cuidado de os interpretar inteligentemente.

Respiração
As vias respiratórias de quem fala em público, deverão estar em perfeito estado de desenvolvimento físico. O aparelho respiratório é tão indispensável a quem lê ou recita, como os dentes, a língua e as cordas vocais.

Leitura expressiva
Para se conseguir uma leitura expressiva é indispensável, primeiro que tudo, fazer uma análise literária, muito atenta e minuciosa, do texto.
São poucos os indivíduos que dizem bem porque não se dão ao trabalho preliminar de interpretar o que o autor quiz dizer.

Ritmo e Movimento
Uma composição poética deve ser dita no seu ritmo próprio.
O leitor ou recitador que não tiver o dom de fazer valer os ritmos, não conseguirá jamais obter o aplauso do público.