Madrugada de 8 de Dezembro de 1894.
Nasce Florbela Espanca.
Um percurso em que a doença, o desaparecimento de seu irmão, a luta constante devido a críticas e insinuações e sobretudo, a angústia, a sua forma insaciável de amar e as desilusões, terão provocado o suicídio no dia do 36º aniversário, também a 8 de Dezembro mas de 1930, pelas 2 horas da madrugada e fechada no seu quarto.
Foi a enterrar num dia de vendaval, tendo por companhia apenas o padre e alguns amigos.
Convosco durante alguns minutos, retalhos da obra poética de uma mulher que amou demais…
Ser poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro, que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Amar
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… Além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!
E se um dia há-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…
25/06/10
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