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04/12/20

FIGURAS DA HISTÓRIA DO ISLÃO – 1 Maomé

 Maomé

O pai de Maomé morreu antes de ele nascer e a mãe quando ele tinha apenas seis anos. Foi adoptado pelo tio, que era comerciante.

Foi instruído no cristianismo por um monge, tendo estudado as Escrituras judaicas e cristãs e venerado Jerusalém com um dos mais nobres santuários do mundo.

Quando Maomé tinha vinte e poucos anos, uma viúva rica de nome Khadija, muito mais velha do que ele, contratou-o para gerir os seus negócios, acabando por se casar com ele.

O casal vivia em Meca, onde se encontrava a Caaba, com a respetiva pedra negra, que era o santuário de um deus pagão.

Tal como acontece com outros grandes profetas, há dificuldade em avaliar as razões pessoais do seu êxito.

A Gruta de Hira, para onde Maomé gostava de se retirar a meditar, ficava à saída de Meca; diz a tradição que, em 610, o Arcanjo São Gabriel lhe apareceu nessa gruta, confiando-lhe numa revelação que Deus o tinha escolhido como seu mensageiro e seu profeta.

Maomé começou a pregar. Naquela sociedade militarizada a tradição literária não era escrita; pelo contrário, consistia em poemas intensos, transmitidos por via oral. O Profeta tirou partido desta tradição poética; com efeito as 114 suras (capítulos) do Corão (Recitação) foram recitadas antes de serem compiladas. Esta obra é um compêndio de poesia de grande beleza e obscuridades sagradas, repleto de normas precisas e de perturbantes contradições.

Maomé era um visionário que pregava a submissão (o islão) a Deus com vista à salvação universal, mas também os valores da igualdade e da justiça e as virtudes de uma vida pura, acompanhadas por rituais e regras fáceis de aprender, que abarcavam os diversos momentos da vida e da morte.

Maomé acolhia bem os convertidos, respeitava a Bíblia e considerava que David e Salomão, Moisés e Jesus eram profetas, mas que a sua própria revelação ultrapassava todas as anteriores.

Os discípulos de Maomé estavam convencidos de que certa noite, quando estava a dormir ao lado da Caaba, o Profeta teve uma visão, o Arcanjo Gabriel acordou-o e montaram ambos em Buraq, um corcel negro de rosto humano, empreendendo uma Viagem Nocturna rumo ao «Santuário Longínquo», onde Maomé foi encontrar os seus «pais» (Adão e Abraão) e os seus «irmãos» (Moisés José e Jesus), antes de subir ao céu por uma escada. O Corão não refere Jerusalém nem o Templo, mas os muçulmanos consideram que este Santuário Longínquo era o Monte do Templo.

Maomé dizia de si próprio que era um mensageiro ou Apóstolo de Deus, e não possuía quaisquer poderes sobre-humanos; com efeito, a Isra – a Viagem Nocturna – e a Miraj – a Subida ao céu – foram os únicos actos milagrosos do Profeta.

Quando a mulher eo tio morreram, o Profeta e os seus discípulos mais chegados deram início à Migração (a Hijra) em direcção a Yathrib, que veio a ser a Madinat un-Nabi (Medina), a cidade do Profeta.

Foi aí, em Medina, que Maomé juntou os seus primeiros devotos, os Emigrantes, aos novos discípulos, os Ajudantes, constituindo uma nova comunidade, a umma; estávamos em 622, o ano que dá início ao calendário islâmico.

Em Medina criou a primeira mesquita, adoptando o Templo de Jerusalém como sua primeira qibla (o ponto de orientação da oração), rezava ao pôr-do-sol de sexta-feira, jejuava no Dia da Expiação, proibiu o consumo de carne de porco e instituiu a prática da circuncisão.

A unicidade do Deus de Maomé impedia-o de aceitar a Santíssima Trindade do cristianismo, mas há outros rituais que foram herdados dos conventos cristãos - como a prostração sob re o tapete onde se reza - ; o Ramadão assemelha-se à Quaresma, e é possível que os minaretes das mesquitas se tenham inspirado nos pilares dos monges estilitas. Apesar de tudo isto, o islão tinha muitas características específicas.

Maomé criou um pequeno Estado com leis próprias, mas não foi bem acolhido, nem em Medina nem em Meca; o pequeno estado tinha de se defender e de conquistar, de maneira que a luta – a jihad – era simultaneamente o domínio interior e uma guerra santa de conquista.

O Corão promovia a destruição dos fiéis, ou a tolerância, se eles se submetessem.

Devido às tribos judaicas que se recusavam a aceitar as revelações de Maomé e o seu controlo sobre elas, Maomé transferiu a quibla (o ponto de orientação da oração) para Meca e rejeitou o judaísmo.

Maomé, em 630, conseguiu finalmente capturar Meca, difundindo o monoteísmo pela Arábia por via das conversões e da força. Esforçando-se por viver uma vida recta, na antecipação do Juízo Final, os discípulos de Maomé foram também assumindo um estilo cada vez mais militarizado.

Conquistada a Arábia, Maomé tinha agora diante de si os impérios do pecado; os seus principais colaboradores eram os seus primeiros discípulos, mas o Profeta não tinha dificuldade nenhuma em acolher, com igual entusiasmo, antigos inimigos e o+portunistas de talento.

Entretanto, a tradição islâmica narra diversos factos da sua vida: tinha muitas mulheres – mas a sua favorita era Aisha, a filha de Abu bakr, que era seu aliado – e numerosas concubinas, entre as quais se contavam belas mulheres judias e cristãs; e teve filhos, nomeadamente uma filha de nome Fátima.

Em 632, Maomé morre, com cerca de sessenta e dois anos; sucede-lhe o sogro, Abu Bakr, que foi +proclamado Emir al-Muminin (Comandante dos Crentes). Após a sua morte, o reino de Maomé vacilou, mas Abu Bakr conseguiu pacificar a arábia, após o que se voltou para os impérios bizantino e persa, que os muçulmanos consideravam ser efémeros, pecaminosos e corruptos. O Comandante mandou vários contingentes de guerreiros montados em camelos atacar o Iraque e a Palestina.

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