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12/03/21

PORTUGAL, PAÍS BELIGERANTE

Após a declaração de guerra da Alemanha, a questão fulcral prendia-se com a participação na guerra europeia.

A política portuguesa conviveu mal com a ideia de intervir no conflito na frente europeia. Só o Partido Democrático, de Afonso Costa, o defendia.

Entretanto a situação interna continuou a degradar-se, os conflitos agudizaram-se, a oposição à guerra não conheceu tréguas, as dificuldades económicas agravaram-se, a escassez de subsistências continuou. Criado um clima social propício a projectos conspirativos e de violência, a 5 de Dezembro de 1917, uma revolta militar saiu à rua, chefiada por Sidónio Pais, major de Artilharia, que em menos de três dias conquistou o poder e assumiu a direcção política do país.

O enorme esforço de Afonso Costa e Norton de Matos logrou concentrar em Tancos para instrução, uma Divisão com um efectivo de 20.000 homens. Sob a égide de Norton de Matos, nomeado ministro da Guerra, a Divisão fez a sua instrução em cerca de 3 meses, sendo dada como pronta em Junho de 1916. Outros se seguiram, acabando na convocatória de um Corpo de Exército de 50.000 homens, secundado por uma reserva que deveria aproximar-se de igual grandeza.

Prepararam-se duas novas expedições a Moçambique. As tropas portuguesas para a Europa, constituintes do Corpo Expedicionário Português (CEP), começaram a embarcar em finais de Janeiro de 1917.

O CEP foi colocado em França através de sucessivos transportes marítimos, entre Janeiro e Setembro de 1917, com desembarques no porto de Brest e transporte em comboio até perto das linhas da frente. Uma vez em França, as tropas portuguesas passaram por várias fases de adaptação, até à atribuição de um sector na frente, situado na Flandres francesa, em frente da cidade de Lille.

O CEP assumiu a responsabilidade total do sector português, no dia 5 de Novembro de 1917, sob o comando do 1º Exército Britânico.

O sector português, na Flandres, era uma zona plana, tinha a forma de um quadrilátero irregular, com cerca de 12 Km de trincheiras na linha da frente. Aqui, de 5 de Novembro de 1917 até 9 de Abril de 1918, os soldados passaram por uma experiência de guerra que marcou indelevelmente uma geração portuguesa. As baixas na frente não resultavam apenas das grandes batalhas pela conquista de terreno, em que os mortos se contavam sempre por milhares, estavam também associadas ao dia-a-dia das trincheiras, e resultavam de ataques de artilharia e morteiros, de acção de atiradores isolados, de raids nas linhas inimigas.

Todas as tropas da frente faziam rotação de efectivos, permitindo que as tropas intercalassem períodos de plena actividade operacional com períodos de repouso.

As situações mais penosas na frente estavam relacionadas com o serviço de sentinelas, sobretudo à noite.

No que respeita à alimentação, as tropas portuguesas não chegaram a adaptar-se ao tipo de ração que lhes era fornecido pelos ingleses.

O serviço de saúde foi organizado segundo as necessidades das tropas portuguesas, estendendo-se desde a frente até aos hospitais de retaguarda.

O serviço postal também estava bem organizado, permitindo a troca de correspondência entre os soldados e as suas respectivas famílias.

Em 1917 vários políticos deslocaram-se à frente, em visita às tropas: o primeiro foi Norton de Matos, ministro da Guerra, em Junho. Também o Presidente da República, Bernardino Machado, e o presidente do ministério, Afonso Costa, visitaram a frente em Outubro.


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