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13/10/13

RESUMO COMPACTO DA SÍNTESE INTERPRETATIVA DA HISTÓRIA DE PORTUGAL -1

A utilização do nome de «Portugal» para definir uma configuração política mais ou menos autónoma data do século XI. A formação de uma comunidade política portuguesa foi o resultado da acção de príncipes e aristocratas envolvidos na política dos reinos cristãos do Norte peninsular a partir do final do século XI – tendo a instituição de um reino independente dos outros reinos peninsulares vindo a ser protagonizada pelo filho de um aristocrata borgonhês e de uma infanta castelhana, o rei Afonso Henriques, em luta com o seu primo, o rei Afonso VII de Leão e Castela. Esta separação política, consolidada nos séculos seguintes, inpôs costumes, relações e referências que acabaram por constituir uma comunidade identitária. O uso da língua neolatina chamada «Português» foi uma das dimensões dessa diferenciação. Portugal veio assim a ser o nome de uma «nação» e os seus habitantes passaram a identificar-se como «portugueses», embora continuassem durante muito tempo a recorrer a outras fórmulas identárias, como as que diziam respeito à cristandade.
Portugal é o país de fronteiras mais antigas da Europa mas nenhuns acidentes geográficos, como rios ou montanhas, o delimitam na sua configuração actual do resto da península. O actual território continental português constituíu, durante a maior parte da História de Portugal, apenas um ponto de partida para a unidade política chamada Portugal, a qual esteve frequentemente envolvida em projectos e tentativas de expansão, primeiro na Península Ibérica, e a seguir nas ilhas do Atlântico, em África, na América, na Ásia e na Oceânia.
O relevo, a orografia e o clima definiram regiões que podem ser identificadas em Portugal. O tipo de povoamento, as culturas e as tecnologias agrícolas, as variantes do uso da língua, as estruturas familiares, as práticas religiosas e até as opções políticas sob regime democrático, desenham contrastes territoriais entre o Norte e o Sul à volta da linha do rio Tejo. Esses contrastes constituem a melhor base para a interpretação da História do país, a começar pelo processo da sua formação. Os portugueses tiveram, assim, sempre uma existência plural e diversa.
A diversidade de ambientes e de tradições no interior do território português na Península Ibérica não resultou em identidades regionais fortes. Os reis de Portugal preocuparam-se sempre em afirmar o seu ascendente, mas conviveram com uma grande diversidade de poderes locais – senhorios de linhagens, instituições, municípios – que no entanto não produziram identidades separadas. Para isso contribuiu certamente o facto de Portugal não haver sido formado através de uniões de reinos ou unidades políticas estabilizadas ou preexistentes, mas da conquista de territórios a partir de um núcleo político de raiz, o chamado Condado portucalense. Portugal foi sempre um único reino e não uma monarquia compósita como outras entidades políticas europeias. 

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