A utilização do nome de «Portugal»
para definir uma configuração política mais ou menos autónoma data do século
XI. A formação de uma comunidade política portuguesa foi o resultado da acção
de príncipes e aristocratas envolvidos na política dos reinos cristãos do Norte
peninsular a partir do final do século XI – tendo a instituição de um reino
independente dos outros reinos peninsulares vindo a ser protagonizada pelo
filho de um aristocrata borgonhês e de uma infanta castelhana, o rei Afonso
Henriques, em luta com o seu primo, o rei Afonso VII de Leão e Castela. Esta
separação política, consolidada nos séculos seguintes, inpôs costumes, relações
e referências que acabaram por constituir uma comunidade identitária. O uso da
língua neolatina chamada «Português» foi uma das dimensões dessa diferenciação.
Portugal veio assim a ser o nome de uma «nação» e os seus habitantes passaram a
identificar-se como «portugueses», embora continuassem durante muito tempo a
recorrer a outras fórmulas identárias, como as que diziam respeito à
cristandade.
Portugal é o país de fronteiras mais
antigas da Europa mas nenhuns acidentes geográficos, como rios ou montanhas, o
delimitam na sua configuração actual do resto da península. O actual território
continental português constituíu, durante a maior parte da História de
Portugal, apenas um ponto de partida para a unidade política chamada Portugal,
a qual esteve frequentemente envolvida em projectos e tentativas de expansão,
primeiro na Península Ibérica, e a seguir nas ilhas do Atlântico, em África, na
América, na Ásia e na Oceânia.
O relevo, a orografia e o clima
definiram regiões que podem ser identificadas em Portugal. O tipo de povoamento,
as culturas e as tecnologias agrícolas, as variantes do uso da língua, as
estruturas familiares, as práticas religiosas e até as opções políticas sob
regime democrático, desenham contrastes territoriais entre o Norte e o Sul à
volta da linha do rio Tejo. Esses contrastes constituem a melhor base para a
interpretação da História do país, a começar pelo processo da sua formação. Os
portugueses tiveram, assim, sempre uma existência plural e diversa.
A diversidade de ambientes e de
tradições no interior do território português na Península Ibérica não resultou
em identidades regionais fortes. Os reis de Portugal preocuparam-se sempre em
afirmar o seu ascendente, mas conviveram com uma grande diversidade de poderes
locais – senhorios de linhagens, instituições, municípios – que no entanto não
produziram identidades separadas. Para isso contribuiu certamente o facto de
Portugal não haver sido formado através de uniões de reinos ou unidades
políticas estabilizadas ou preexistentes, mas da conquista de territórios a
partir de um núcleo político de raiz, o chamado Condado portucalense. Portugal
foi sempre um único reino e não uma monarquia compósita como outras entidades
políticas europeias.
Sem comentários:
Enviar um comentário