O território continental do que
viria a ser Portugal terá sido habitado desde há talvez meio milhão de anos por
várias populações humanas, as quais se poderão ter substituído umas às outras
mas também cruzado, segundo sugeriram alguns arqueólogos recentemente para o
caso dos Neandertais (que terão entrado na Península há cerca de 200.000 anos)
e dos modernos Homo sapiens (chegados há 40 mil anos, vindos do Sul de França).
Não obstante a sua posição de
«finisterra», o extremo ocidental da Península Ibérica conheceu a presença e a
inserção de diferentes matrizes culturais, com diversos graus de impacto nas
várias áreas do território, como aconteceu com a romanização, a cristianização
e a islamização.
Os romanos, chegados à Península
em 218 a. C., instalaram-se, de início, sobretudo no Sul, através de acordos,
mais do que pela violência bélica. Já nas regiões situadas entre o Tejo e o
Douro, as populações autóctones, sobretudo os lusitanos, resistiram aos romanos
durante cerca de cem anos de meados do século II a. C. a meados do século I a.
C. Vencida esta resistência, por volta de 25 a. C. o domínio romano abrangia
todo o futuro território português. Poucos anos depois, entre 16 e 13 a. C., sob
o imperador Augusto, a Península foi dividida
em três províncias (Tarraconense, Bética e Lusitânia), mas no final do
século III existiam cinco (além das três anteriores , também a Cartaginense e a
Galécia). O que viria a ser Portugal jamais coincidiu com alguma destas províncias.
A Lusitânia não abrangia a zona a norte do Douro (integrada na Galácia) e
abarcava uma vasta área da actual Estremadura espanhola, tendo mesmo a sua
capital em Emerita Augusta (Mérida).
O império romano introduziu na
Península Ibérica o Latim como língua de uso geral e, a partir do século IV, o
Cristianismo como religião oficial.
No início do século V, porém, o
poder de Roma entrou em acentuado declínio.
A invasão dos povos germânicos,
sobretudo de suevos e de visigodos, pôs fim ao seu domínio na Hispânia, dando
lugar à formação do reino suevo a partir de 411, cobrindo, na sua máxima
extensão, a antiga Galécia e uma parte da Lusitânia até ao Tejo, com capital em
Braga. Quanto aos visigodos, depois de uma primeira surtida na Península em
416, a partir das Gálias (França), fixaram-se definitivamente em 456. As lutas
entre suevos e visigodos culminaram no triunfo dos segundos, em 585, passando
então a Hispânia a estar unificada sob o reino visigótico, com a capital em
Toledo. As divisões regionais, as tensões políticas e os conflitos sociais
intensos conduziram ao enfraquecimento dos visigodos, de tal forma que a
invasão islâmica vinda do Norte de África, em 711, não encontrou resistência
significativa. Abriu-se, então, um novo período da História peninsular, que se
prolongaria por vários séculos com uma forte marca civilizacional muçulmana,
sobretudo nas regiões do Centro e do Sul.
Como os estudos genéticos
revelaram recentemente, esta História deixou marcas na composição da população.
Na Península Ibérica, os portugueses são aqueles em cujos genes mais vestígios se encontram de
duas das mais importantes migrações para
a Península desde o século I: os judeus sefarditas, chegados do Médio Oriente
no início da era cristã, e os berberes muçulmanos, vindos do norte de África no
século VIII. Na Península Ibérica , em média,
os homens apresentam 69,6% de ascendência ibérica («nativa»), 19,8%
sefardita e 10,6% berbere. No Norte de Portugal, essas proporções são,
respectivamente, de 64,7%, 23,6% e 11,8%; no Sul, de 47,6%, 36,3% e 16,1% - ou
seja, as marcas de uma origem não ibérica predominam no Portugal Meridional.
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