A unidade do reino de Portugal a
partir da Idade Média dependeu do poder do rei e de projectar a sua capital,
Lisboa, como um centro de população e de actividades sem paralelo no resto do
território (aliás, ainda no fim do século XIX só havia três cidades com mais de
20 mil habitantes, Lisboa, Porto e Braga, e uma grande parte da urbanização que
ocorreu no século XX consistiu no crescimento de povoações na área próxima de
influência desses centros). Para tanto a expansão ultramarina pesou muito. O
orçamento do estado dependeu durante séculos dos rendimentos obtidos no
exterior, geralmente associados ao império. Daí resultou para a Coroa uma
relativa autonomia em relação aos proventos do reino, a qual se traduziu,
sobretudo a partir do século XV, na capacidade
suplementar e persistente dos monarcas para actuarem como grandes
distribuidores de proventos, o que tornou as principais elites da monarquia
muito dependentes do rei e da vida na corte em Lisboa.
O território e a sua posição nem
sempre habilitaram os portugueses com recursos para acompanhar certos
desenvolvimentos na Europa. É conhecida a escassez da produção de cereais desde
a Idade Média. Em Portugal não foi fácil o aumento geral da produtividade
agrícola ou a industrialização. Portugal quase nunca conseguiu bastar-se a si
próprio em termos de alimentos e foi dos poucos países da Europa onde a
actividade industrial não chegou, durante os séculos XIX e XX, a ocupar a
maioria da população activa. A emigração permaneceu, até à década de 1970, o
maior recurso de mudança de vida para a maioria da população. Os portugueses
estiveram assim implicados nos grandes êxodos da Europa para as América e da
Europa do Sul para a do Norte. A emigração condicionou decisivamente a
quantidade de população no país. Foi a emigração que impediu, quando a
mortalidade começou a descer e a fecundidade se manteve alta, que Portugal,
sempre um dos países com mais baixa densidade populacional do Ocidente europeu,
experimentasse qualquer «explosão demográfica» - ao longo do século XX a
população não chegou a duplicar (de 5,4 milhões em 1900 para 10,3 milhões em
2001, enquanto a Holanda passou de 5,1 milhões para 16,2 milhões e a Espanha de
18,5 milhões para 40,4 milhões).16/10/13
RESUMO COMPACTO DA SÍNTESE INTERPRETATIVA DA HISTÓRIA DE PORTUGAL -4: População
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário