1ª
Guerra Púnica
A 1ª Guerra Púnica durou 23 anos (entre 264 e 241 a.C.).
Em 264 a.C. os romanos derrotaram o exército siracusano
e cartaginês, na Batalha de Messina e avançaram em direcção a Siracusa,
conquistando Adranon e Centuriae, para proteger o flanco. Catânia rendeu-se e
Hierão II, de Siracusa, pediu a paz e tornou-se aliado fiel de Roma (deu assim
origem a uma nova instituição romana – o reino estrangeiro vassalo fora das
fronteiras do Estado Romano, mas dele dependente – um alargamento à escala do
reino, do costume romano que ligava um cliente ao patrono). Enna e Halaesa
renderam-se.
Em 261 a.C. (após um longo cerco iniciado em 262 a.C,)
Roma conquista Agrigento. A Batalha de Agrigento foi a primeira grande batalha desta
guerra.
Antes, os Romanos já tinham chegado à conclusão que
para expulsar os Cartagineses da Sicília necessitavam de possuir uma armada;
por isso, Roma iniciou em 260 a.C. a construção de uma frota de 140 navios,
explorando as imensas florestas italianas e copiando o modelo de um enorme
quinquerreme capturado aos Cartagineses. Cada navio com capacidade para embarcar
tropas de infantaria de marinha e uma tripulação de 300 marinheiros, dividida
em grupos de cinco remadores por remo. Para que os combates navais se
assemelhassem o mais possível a batalhas terrestres, os Romanos equiparam os
navios com uma inovação: os corvus (croques de abordagem) - tratava-se de
pontes possuindo na sua extremidade um forte gancho de ferro, suspensas nos
mastros e articuladas de modo a poderem, na aproximação, ser descidas sobre a
ponte do navio adversário, unindo solidamente as duas embarcações de forma a permitir
a abordagem. Esta maneira ambiciosa de desafiar a hegemonia marítima dos
Cartagineses foi a novidade mais espectacular desta guerra. Assim armada, a
frota romana estava pronta para a segunda fase da guerra, durante a qual se travaram
as maiores batalhas navais da história antiga.
Após a vitória em Agrigento, Roma passou a controlar
grande parte do território da Sicília e então Cartago, que continuava a dominar
os mares, decidiu usar a sua armada, atacando as cidades aliadas a Roma e
dificultando a chegada de reforços e abastecimentos.
Em 260 a.C. depois de um primeiro pequeno combate
naval, a Batalha de Lipari, junto das Ilhas Éolias, próximo de Missena, que
terminou com a derrota das inexperientes forças romanas, travou-se a primeira
grande batalha naval desta guerra, Batalha de Milos, ao largo da costa da
Sicília, os romanos obtiveram a vitória graças ao uso dos croques de abordagem
(corvus), tendo afundado 50 navios inimigos.
Com a táctica do corvus para prender e tomar os navios
inimigos afim de, utilizar a sua superioridade no combate homem a homem, Roma
venceu outras batalhas de menor importância (Sulci, em 258 a.C.e Tindaris, em
257 a.C.).
A fim de acelerar a conclusão da guerra até aí limitada
à Sicília, cujo território difícil e montanhoso, requeria penosas marchas e
longos cercos, Roma decidiu atacar as possessões cartaginesas no Norte de
África. Para tal, reforçou a construção de navios e preparou uma grande esquadra
que partiu em 256 a.C. Os Cartagineses barraram-lhe o caminho com outra
poderosíssima esquadra, ao largo do sul da Sicília. Travou-se então a Batalha
do Cabo Ecnomo, que foi a batalha naval mais renhida e sangrenta da Antiguidade
e talvez, atendendo ao número de navios e homens envolvidos (350 navios e 150.000
homens para os Cartagineses; 330 navios e 140.000 homens para os Romanos), a
maior batalha naval da História. Nessa batalha os Cartagineses sofreram uma
pesada derrota, tendo cerca de um terço da sua frota sido capturada ou afundada.
Como resultado as costas do norte de África ficaram indefesas e o cônsul romano
Marco Régulo pode desembarcar o seu exército, sem oposição. Após cercarem e
conquistarem Aspis, ao sul de Cartago, os Romanos fizeram regressar a Roma a
sua armada, deixando em terra um exército de 15.000 homens de infantaria e 500
de cavalaria que prosseguiu a sua marcha até Adis. Enquanto durava o cerco a
Adis, o exército cartaginês reforçou-se com a vinda de forças da Sicília que se
juntaram às de África para defender Adis. Contudo, embora possuíssem elefantes
e superioridade na cavalaria, o exército cartaginês reestruturado saiu
derrotado. Cartago pediu a paz mas as condições apresentadas por Roma foram tão
duras que não as aceitou. A guerra prosseguiu. Cartago contratou um general
mercenário grego, Xantipo de Esparta, para organizar a sua defesa.
Na primavera de 255 a.C. deu-se a Batalha de Tunis (também
conhecida por Batalha de Bagrades. Embora as forças de infantaria dos dois
exércitos se assemelhassem em número (15.000 homens para Roma contra 12.000
para Cartago, incluindo 2.000 mercenários gregos), a cavalaria cartaginense era
8 vezes superior (500 para Roma, 4.000 para Cartago para além desta possuir
também 100 elefantes de combate). Xantipo dispôs o seu exército num espaço
aberto, a fim de beneficiar da superioridade na cavalaria, nos terrenos do rio
Bagrades, O corpo expedicionário romano foi esmagado e o seu chefe, general
Régulo aprisionado. Só 2.000 homens escaparam, entrincheirando-se em Adis e
sendo recolhidos pela esquadra enviada por Roma para os resgatar, o que Cartago
tentou impedir, mas foi derrotada na Batalha naval de Hermaeum. No regresso, a
esquadra romana foi fustigada por uma tempestade, por altura de Camarina e mais
de 250 navios dos 340 afundaram-se.
Após esta campanha africana fracassada, os Romanos renunciaram
a invadir Cartago e viram a Sicília invadida novamente pelos cartagineses.
Em 254 a.C., Roma teve de construir rapidamente uma nova
esquadra.
Em 253 a.C., Com a nova esquadra, os Romanos conquistaram
Panormo (Palermo), a principal cidade cartaginesa na Sicília e organizaram
vários raides a cidades em África mas, depois de um sucesso moderado, no
regresso, a frota foi novamente destruída por uma tempestade.
Em 251 a.C., Cartago tentou reconquistar, sem sucesso, Palormo,
o que animou Roma a pôr cerco, por terra e por mar, à cidade de Lilibeu, mas a frota
cartaginesa, baseada em Drepano, conseguia abastecer a cidade.
Em 249 a.C., O cônsul romano, a fim de acabar com tais
abastecimentos decidiu um ataque à esquadra cartaginesa. O ataque a Drepano foi
um fracasso completo (foi a maior derrota naval dos romanos na guerra. Toda a
frota foi destruída.
Depois disso, Cartago voltou a ter o domínio marítimo
na guerra e consegue algumas vitórias na Sicília.
Em 247 a.C., o exército de Cartago, sob a chefia de
Amilcar Barca, estabeleceu-se próximo de Palermo, no meio do território inimigo
e começou a aproveitar o domínio marítimo para lançar ataques a cidades
costeiras na península italiana, o que permitia obter o seu abastecimento. Nos
anos seguintes houve combates esporádicos na Sicília.
As economias de Cartago e de Roma estavam bastante
abaladas pela guerra que já se estendia por mais de 20 anos, Contudo, em 242
a.C., Roma construiu uma frota de 200 navios, a fim de cortar os abastecimentos
por mar ao exército cartaginês. Dada a situação de penúria financeira em que o
Estado se encontrava, a nova frota foi custeada pelos cidadãos.
Em 241 a.C. A nova frota foi mandada para a Sicília e obteve
uma vitória fácil mas decisiva, na Batalha Naval das Ilhas Aegates. Cartago,
sem recursos para continuar a guerra, aceitou a derrota e, sob o comando de
Amilcar Barca, negociou um tratado de paz com Roma, pondo fim à guerra.