ROMA ENFRENTA GREGOS
A vitória nas Guerras Samnitas estendeu o domínio de Roma mais para sul, fazendo que se aproximasse muito das cidades helénicas do sul de Itália, a mais importante das quais era Tarento, junto ao golfo do mesmo nome. No século III a.C., era maior que Roma e a sua imensa riqueza baseava-se na exportação, nomeadamente para a Grécia, da lã proveniente do interior do país, após tingida de cor púrpura a partir dos múrices recolhidos no seu porto. Tarento possuía a principal frota de Itália e um exército de 15 000 homens, frequentemente reforçado com mercenários.
A tensão entre as duas potências avolumou-se e explodiu em 282 a.C. Os Tarentinos solicitaram o apoio de um general aventureiro grego, Pirro, rei de Epiro, do outro lado do Adriático. Este dirigiu-se para o sul de Itália com 25 000 mercenários. Pela primeira vez Roma enfrentava um exército grego.
Pirro utilizava o grosso das suas forças numa falange. Este poderoso corpo era guarnecido de longas lanças, o que o tornava praticamente inexpugnável. Esta táctica da falange, já utilizada por Alexandre o Grande, 50 anos atrás, consistia em fixar no campo o exército inimigo enquanto a cavalaria o atacava pelos lados. Pirro também desembarcou cerca de 20 elefantes de guerra provenientes da Índia. Não os utilizou de frente, como era hábito, mas de flanco, como apoio à cavalaria durante a acção de cerco.
A primeira batalha teve lugar em 280 a.C,.em Heracleia, colónia costeira de Tarento. As legiões romanas resistiram ao choque da falange de Pirro, mas os elefantes puseram em fuga os cavalos romanos antes de aniquilarem o flanco das legiões, que debandaram. As perdas foram impressionantes para ambos os lados.
No ano seguinte, Pirro liderou um novo combate, agora à frente de forças superiores, no norte da Apúlia (batalha de Asculum). Uma vez mais reclamou vitória, mas esta não foi muito expressiva, daí a expressão "vitória de Pirro". Os Romanos resistiram aos ataques da falange durante um dia inteiro e só no segundo dia fugiram ao ataque dos elefantes.
Em 275 a.C., de novo os exércitos romanos e grego de Pirro se defrontam, desta vez a oeste da Apúlia (batalha de Beneventum). Uma vez mais a batalha não foi decisiva mas foi muito sangrenta. Com efeito, os Romanos tinham-se apercebido que os elefantes não eram invulneráveis à ponta das lanças e eram susceptíveis de serem levados, pelo efeito da dor, a espezinhar as suas próprias tropas.
Após esta batalha Pirro retirou-se para Tarento e pouco depois para a Grécia, onde morreu, dois anos depois.
Esta última guerra provou que os Estados gregos do sul de Itália, eram incapazes de fazer frente a Roma. Em 272 a.C., os Tarentinos estabeleceram uma aliança com Roma.
Assim, quatro gerações após quase ter desaparecido, Roma tornou-se senhora da Península Itálica.
Sem comentários:
Enviar um comentário